A EPOPEIA DE MIGUEL ÂNGELO
O que se passava por detrás daquele alto tapume era segredo para a cidade de Florença. Durante meses, mesmo anos, todos os dias quem transitavam por ali ouviam distintamente o ruido produzido pelo embate do metal na pedra e pela pancada do martelo no cinzel. Todos sabiam, porém, que estava lá um bloco de mármore, esguio e estreito,já utilizado por certo escultor que, ao cinzelá-lo, lhe havia produzido uma grande fenda triangular perto da base. Embora muitos escultores tivessem examinado o bloco multilado, permaneceu ele à disposição dos florentinos durante várias décadas, como um gigante inconquistável. Na manhã de uma segunda- feira, dia 13 de setembro de 1501, o jovem Miguel ângelo Bounarroti dirigiu-se resolutamente, de cinzel na mão, para o local onde se encontrava o mármore. Trabalhou nele, exaustivamente, durante dois anos. Por fim, quando os peritos examinaram a obra, concederam-lhe um prémio de quatrocentos florins de ouro e o direito de escolher o local onde devia ser coloc